quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O Poder do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo

Pe. Isac Isaías Valle

O nome de Jesus tem poder. Nome pelo qual nos salvamos (At 4,12); nome que significa salvação dos pecados (Mt 1,21); nome que cura os doentes (At 3,6.16;4,10); nome que expulsa os demônios (Lc 10,17); nome que tudo consegue para nós junto ao Pai (Mt 1,21;Jo 16,23).

Queremos refletir sobre o poder do Sangue de Jesus. A Escritura nos fala de algumas características do Sangue de Jesus. Vejamos algumas:

1. O SANGUE DE CRISTO REALIZA A REDENÇÃO DOS HOMENS
São Paulo, num famoso texto do “hino cristológico” da Carta aos Efésios (Ef 1,1-14) nos diz: “Pelo seu Sangue temos a Redenção…” (v.7).

A Redenção dos homens é a finalidade de toda a vida de Cristo. Ele veio ao mundo para “salvar o povo de seus pecados” (Mt 1,21). A Redenção é a reconciliação dos homens como Pai, por meio de Jesus Cristo; é o momento em que o Pai, mesmo quando estávamos “mortos em nossos pecados, deu-nos a vida juntamente com Cristo” (Ef 2,5). A Redenção realiza-se no Sangue de Cristo; não mais no sangue de animais nem por eles. O Sangue do Cordeiro de Deus que “que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29) é que realiza a Redenção querida por Deus a toda a humanidade, uma “redenção eterna” (Hb 9,12).

2. O SANGUE DE CRISTO REALIZA A REMISSÃO DOS PECADOS
Se em Cristo Deus realiza a Redenção dos homens, Deus o faz como gratuito gesto de amor. “Tudo isso, diz o apóstolo Paulo, vem de Deus, que nos reconciliou consigo por Cristo, e nos confiou o mistério da reconciliação. Em Cristo, Deus reconciliou consigo o mundo” (2Cor 5,18-19).

Além da Reconciliação, da Redenção, São Paulo nos fala da “remissão dos pecados pelo seu Sangue” (Ef 1,7); “sem efusão de sangue não há perdão” (Hb 9).

Remissão dos pecados, purificação dos pecados são sinônimos: Jesus, pelo seu Sangue, vem remir os pecados da humanidade, vem purificar a humanidade dos seus pecados: do pecado original e dos pecados originados. Pois, diz a Escritura, “todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus” (Rm2,23). Jesus – no dizer do profeta Isaías – “foi castigado por nossos crimes e esmagado por nossas iniqüidades” (Is 53,5). Ele se fez “maldição por nós” (Gl 3,13) para realizar a remissão dos pecados. É o Pai quem nos purifica, por Cristo; mas é também Cristo Jesus que, “querendo purificar o povo pelo seu próprio Sangue, padeceu fora das portas” (Hb 13,12). Segundo a carta aos Hebreus, Jesus sabia que a purificação do seu povo, o “lavacro de purificação”, o “banho de regeneração” seria obtido pelo seu Sangue a ser derramado na Cruz “por nós e por todos” (Lc 22,20; Mt 26,28), “para a remissão dos pecados”, para a “expiação de nossos pecados” (1Jo 2,2) para “lavar-nos do pecado” (Ap 1,5).

3. O SANGUE DE CRISTO RESTABELECE A PAZ
Cristo Jesus veio ao mundo para anunciar a paz, para realizar a paz, para ser a nossa paz: “Cristo é a nossa paz” (Ef 2,14). O tema da paz está inserido dentro do contexto da “proximidade de Deus” tornada possível pelo sangue de Cristo; aliás, vós, diz São Paulo, “estáveis longe, vos tornastes presentes pelo Sangue de Cristo” (Ef 2,13). Agora pelo sangue de Cristo, “somos povo de Deus alcançamos sua misericórdia” (1Pd 2,10).

Sabemos que a paz de Cristo é um dom de sua páscoa: a primeira saudação pacal de Cristo aos apóstolos foi: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19). Ele, na sua morte e ressurreição, tornou-se, para todos, nossa paz. A paz tem sua fonte no Sangue santíssimo do Redentor, “derramado por nós e por todos” (ut, supra).

Cristo, diz São Paulo, “restabeleceu a paz a tudo quanto existe na terra e nos céus, ao preço do próprio Sangue na Cruz” (Cl 1, 20). O restabelecimento da paz (perdida desde o primeiro pecado de nossos pais – Gn 3,1ss) é obra de Cristo pelo derramamento do seu Sangue. Podemos ter a paz em nossos dias, porque Cristo no-la conquistou com seu Sangue precioso. A paz é um dom de Cristo à sua Igreja, é dom permanente, fruto de seu amor por nós.

4. A NOVA ALIANÇA, EM SEU SANGUE
A Antiga aliança foi marcada pelo Sangue do Cordeiro Pascal: quer na saída do Egito (untando as portas dos judeus com o sangue do Cordeiro da Páscoa), quer quando foi derramado sobre o Altar, por Moisés, o qual disse: “Este é o Sangue da Aliança”.

A Aliança, o pacto de Deus com os homens, foi marcado pelo sangue de animais e pelas Leis dadas por Deus ao seu povo. Ora, no Novo Testamento vemos como Jesus é anunciado como “Cordeiro que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29); como o Cordeiro imolado (Ap 5,6) que “resgatou para Deus, ao preço do seu sangue, homens de toda tribo, raça ou língua” (Ap 5,9).

“O Cordeiro Imaculado e sem defeito algum, que nos resgatou pelo seu precioso Sangue” (1Pd 1, 18-19).

Ao celebrar a nova Páscoa, Jesus oferece seu próprio Sangue para a purificação do seu povo, como oferece o seu Corpo para o Sacrifício. Aliás, uma das tradições mais antigas, no Novo Testamento, sobre a Eucaristia (que está em 1Coríntios 11, 23ss), nos relata que Jesus, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo:
“Este cálice é a Nova Aliança, no meu Sangue” (v. 25). Jesus estava sabendo que a Aliança antiga, feita no sangue de carneiros e touros, aspergindo os impuros e purificando os corpos, estava por terminar; e se tinham tanta importância aqueles rituais purificatórios, pelo sangue animal “quanto mais o seu precioso Sangue, que pelo Espírito eterno se ofereceu como vítima sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência…” (Hb 9,12-14).

E, o autor da Carta aos Hebreus, falando aos leitores cristãos, diz que “eles se aproximaram de Jesus, o mediador da Nova Aliança… vos aproximastes do Sangue da aspersão…” (Hb 12,24).

A Nova Aliança foi realizada por Deus em Cristo, no seu Sangue, o Novo Cordeiro de Deus, “o Cordeiro Imaculado e sem defeito algum, que nos resgatou pelo seu precioso Sangue” (1Pd 1, 18-19).

5. SANGUE E ÁGUA
São João, ao descrever a morte de Cristo, relata que um dos soldados, vendo Jesus já desfalecido, “abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água” (Jo 19,34). Ora, esse texto, relatado somente por São João, tem repercussões na 1ª Carta de João 5,6; talvez, até, o apóstolo tivesse viva a lembrança do momento da morte de Jesus, quando escrevia sua 1ª Carta, pois o recorda com precisão: “Ei-lo, Jesus Cristo, aquele que veio pela água e pelo sangue; não só pela água, mas pela água e pelo sangue… E os três: o Espírito, água e sangue, dão o mesmo testemunho” (de Jesus). Toda a tradição mística da Igreja sempre viu naquele momento, o nascimento da Igreja, pela redenção do sangue de Cristo e pelo sacramento do batismo regenerador. Assim como Eva foi tirada de Adão, a Igreja era tirada do seu lado aberto, e constituída sua Esposa santa e imaculada, pelo Sangue do Cordeiro.

A Igreja de Cristo teve sua origem aí, no momento da morte do Senhor que tanto amou a Igreja, sua Esposa, que “se entregou por ela para purificá-la e santificá-la” (Ef 5,25-33). O Sangue de Cristo purificou a Igreja e santificou-a, pois ela pode “lavar as suas vestes no Sangue do Cordeiro” (Ap 7,14). É pois, assim, que a Igreja, em sua essência, tornou-se “Santa e Imaculada, sem mancha, nem ruga, nem algo de semelhante” (Ef 5,26-27).

Sim, o Sangue de Cristo tem um poder divino: jorrado na Cruz, lavou do mundo o pecado, revestiu os homens de poder e de vitória sobre o mal, sobre o pecado! Seu Sangue nos resgata para Deus, realiza a redenção, dá-nos a paz e faz brotar em todos nós, as águas vivas da vida eterna!

Fonte: Jesus Vive e é o Senhor, Revista da Renovação Carismática Católica, Julho, 1995, Nº 205, páginas 7 a 8.

Nenhum comentário:

Postar um comentário